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- Enviado: novembro 3, 2020
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Publicado: agosto 6, 2021
Resumo
O objetivo deste artigo é analisar a articulação entre racismo e políticas de comunicação (para promover ou restringir a diversidade racial) e o seu reflexo na organização dos sistemas midiáticos. A investigação se concentra no Brasil e Estados Unidos, países que possuem trajetórias bastante distintas na regulação
e promoção da diversidade racial na comunicação. No contexto norte-americano, houve leis explícitas que limitavam o acesso dos afro-americanos às concessões, contudo ações afirmativas foram implementadas para introduzir maior pluralidade no setor. No Brasil, por outro lado, não houve limitações formais, o que,
no entanto, não implicou a redução da desigualdade na estrutura midiática. Nessa investigação adota-se como metodologia a análise documental (leis e relatórios) para mapear as políticas de comunicação e a participação da mídia negra nos sistemas midiáticos, e entrevistas com proprietários da mídia negra. Como principal resultado, a pesquisa revela que as políticas de ação afirmativa para empregar profissionais negros promover maior diversidade racial nesse campo refletem-se, ainda hoje, em um cenário mais plural nos EUA se comparado ao brasileiro. O Brasil, com 56 % da população negra, possui 10 portais de notícias e uma revista, enquanto os Estados Unidos, com 14 % de afro-americanos na sua população, somam pouco mais de 500 mídias negras. Entretanto, nos dois países estudados evidencia-se a dificuldade de promoção da diversidade racial na comunicação, seja pelo obstáculo de avançar no debate e na criação dessas políticas, como o caso brasileiro, ou pelo retrocesso e descontinuidade da política de ação afirmativa verificado nos Estados Unidos.
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