O racismo ambiental no Brasil e seus reflexos na saúde: uma análise do uso do corante caramelo IV

Ivy De Souza Abreu | Biografia
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Espírito Santo (Fapes)
Elda Coelho De Azevedo Bussinguer | Biografia
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)

Resumo

Propôs-se a analisar como a biopolítica interfere na efetivação do direito à saúde e maximiza o racismo ambiental no Brasil, especialmente na utilização do corante caramelo IV pela indústria alimentícia. Para tanto, a abordagem metodológica foucaultiana demonstra-se adequada para a compreensão das categorias biopolítica, biopoder e conflitos de poder. O emprego de aditivos químicos nos alimentos industrializados é motivo de discussão na área da saúde. Nos Estados Unidos da América, os órgãos governamentais responsáveis pela saúde da população têm um controle rígido quanto à utilização desse corante nos alimentos devido aos danos que podem ser causados à saúde humana. Na América Latina, o Brasil tem destaque no uso excessivo do corante caramelo IV, onde as indústrias fazem uso abusivo dele nos alimentos, sem qualquer preocupação com a saúde dos cidadãos e os direitos fundamentais. Isso denota outra forma de racismo ambiental que a população brasileira enfrenta e sequer tem consciência. O poder sobre a vida das pessoas se mostra em sua versão maléfica e prejudicial. Os conflitos de poder, nesse caso, interferem negativamente na proteção do cidadão, impedindo a efetivação do direito à saúde e maximizando o racismo ambiental.

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Como Citar
De Souza Abreu, I., & De Azevedo Bussinguer, E. C. (2018). O racismo ambiental no Brasil e seus reflexos na saúde: uma análise do uso do corante caramelo IV. Opinión Jurídica, 16(32), 229-243. https://doi.org/10.22395/ojum.v16n32a10

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